Encontrar a estabilidade entre despesas e lucros pode ser um desafio para provedores de TI que estão começando na área. Para auxiliá-lo nesse caminho, é importante conhecer instrumentos de gestão financeira capazes de influenciar as decisões de maneira positiva.
No texto de hoje vamos mostrar algumas ferramentas que certamente serão úteis para o sucesso do seu empreendimento e também como fazer o cálculo do ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro. Boa leitura!
O que é ponto de equilíbrio?
O break even point, ou ponto de equilíbrio, em português, acontece quando o valor de gastos e custos para o funcionamento de uma empresa se igualam ao valor total da receita. O que, efetivamente, significa que o negócio tem capital o suficiente para cobrir seus custos, ainda que não lucre.
Basicamente, são três tipos de ponto de equilíbrio distintos e, para se chegar a essa estimativa, uma série de fatores precisa ser considerada. No entanto, todos servem ao mesmo propósito: atestar sobre a saúde financeira de uma organização.
A seguir, vamos mostrar cada modelo e o que deve ser levado em consideração para a apuração deles.
Ponto de equilíbrio contábil (PEC)
Dentre os três, o ponto de equilíbrio contábil é o mais simples e pode ser feito rapidamente se você possui um bom controle financeiro do seu empreendimento. Sua finalidade é entender se ao fim de um período, as atividades do negócio resultarão em lucro ou prejuízo.
Abordaremos cada um dos fatores mais adiante no texto, por ora, saiba que a fórmula utilizada é simples: o ponto de equilíbrio equivale ao total de custos fixos, dividido pela margem de contribuição. O resultado aponta o valor mínimo para que as grandezas se igualem, ou seja, não se tem lucro nem despesas.
Temos, portanto:
PEC = custos fixos / margem de contribuição
Ponto de equilíbrio econômico (PEE)
Aqui teremos a mesma base, mas o ponto de equilíbrio econômico também considera uma projeção de lucro além das atividades de negócio, dando visibilidade aos ganhos.
Para isso, basta adicionar à fórmula o lucro desejado. Então teremos:
PEE = (custos fixos + lucro desejado) / margem de contribuição
Ponto de equilíbrio financeiro (PEF)
Por sua vez, o ponto de equilíbrio financeiro também se vale da mesma base do primeiro exemplo, porém, são incluídos os gastos não desembolsáveis, como a desvalorização ou amortização, ou seja, tudo aquilo que não representa uma retirada efetiva de caixa.
Temos portanto:
PEF = (custos fixos – depreciações) / margem de contribuição
Qual a importância do ponto de equilíbrio?
Esse indicador serve para auxiliar a gestão financeira a entender a saúde econômica do seu negócio e deve ser utilizado para tomada de decisões. Dessa forma, fica mais fácil identificar o volume de vendas que precisa ser feito, a necessidade de rever valores de serviço e até formular uma possível redução de gastos.
De modo simples, a fórmula do ponto de equilíbrio dispõe os valores mínimos para se chegar a um cenário neutro. Mas que a partir daí, podem ser projetadas as melhorias para que a empresa alcance os lucros desejados, ou então consiga controlar uma situação financeiramente desfavorável.
Como você já deve ter percebido, esse valor não é exatamente uma meta, mas sim um indicativo do menor valor para se evitar o prejuízo. Com a alta concorrência, esse tipo de informação consegue nortear medidas que favoreçam a competitividade sem que isso signifique prejudicar a receita.
Afinal, a gestão financeira quando efetivamente aplicada, permite ao gestor estar mais preparado. Tanto as decisões rotineiras quanto as mais ocasionais são favorecidas com esses dados, como investimento em equipamentos ou softwares, atualização do catálogo de serviços, oportunidades de negócios, além de planos de longo prazo.
Além disso, essas informações são úteis para se abordar possíveis investidores, dando maior visibilidade ao potencial de geração de receita e obtenção de lucro.
Como calcular o ponto de equilíbrio?
Já vimos as fórmulas para os cálculos dos três pontos de equilíbrio ao explicarmos seus atributos, certo? E agora, para fixar o entendimento e evitar erros, vamos retomar os componentes das equações e falar um pouco mais sobre eles.
Custos fixos
Essa grandeza é utilizada para o cálculo de todas as modalidades de ponto de equilíbrio. Os custos fixos de um empreendimento são invariáveis, ou seja, permanecem estáveis independentemente do volume de produção, como:
- aluguel;
- IPTU;
- seguros;
- provedor de internet;
- impostos;
- remuneração dos colaboradores;
- contratação de serviços.
Note que independentemente da possível alteração de algum desses valores, eles não representam variação mês a mês suficiente para classificá-los como variáveis. Ainda assim, uma avaliação pode indicar uma provável mudança de categoria.
Agora, digamos que você chegou ao valor de R$ 12.000,00 após somar todos os custos fixos. Por enquanto, guarde essa informação.
Custos variáveis
Por mais que os custos variáveis não entrem em nenhuma das operações, é importante saber diferenciá-los para que não sejam incluídos como fixos. Eles recebem esse nome, pois são dependentes do nível de atividade comercial. Também é interessante mapeá-los para que não saiam de controle.
Pensando no cenário de profissionais que atuam como prestadores de serviços gerenciados, são bons exemplos:
- comissões;
- deslocamentos;
- insumos de produção;
- marketing.
Digamos que após esse cálculo, você se depara com o valor de R$ 10.000,00 por mês com todos os custos variáveis. Por enquanto, apenas lembre-se disso.
Margem de contribuição
A margem de contribuição (MC) também é um dos indicadores financeiros utilizados nas três fórmulas. Para encontrar esse valor, basta subtrair os custos e despesas variáveis da receita total, portanto:
MC = Faturamento – (custos variáveis + despesas variáveis)
- Custos: gastos diretamente relacionados à prestação de serviços ou geração do produto, ou seja, reproduz capital;
- Despesas: gastos relacionados à manutenção do negócio, porém, não influenciam diretamente na prestação de serviço ou produto, ou seja, não reproduz capital.
Imagine que sua empresa tem um faturamento de R$ 50.000 por mês. Como já calculamos os custos variáveis, sabemos que R$ 10.000,00 é o valor; ainda, após uma análise, você descobre que R$ 5.000,00 são gastos com despesas. Para achar a MC, precisamos então:
MC = 50.000 – (10.000 + 5.000)
MC = 35.000
O que representa 70% de margem de contribuição. Com esse valor, já sabemos como calcular o ponto de equilíbrio contábil. Vamos lá!
PEC = custos fixos / margem de contribuição
PEC = 12.000 / 70%
PEC = 17.142,86
Vale lembrar que como Managed Services Provider (MSP), é provável que o cálculo da margem não esteja atribuído a um produto, e sim a um serviço. Se sua empresa dispõe de um portfólio robusto, o cálculo deve ser feito de forma individual.
Lucros desejados
Além de possibilitar a visibilidade dos ganhos e rentabilidade do negócio, o cálculo do lucro desejado permite entender melhor a precificação dos serviços prestados. Na prestação de serviços, alguns pregam uma margem de 20%, porém não existe um valor ideal, por isso, é válido um estudo de cenário.
Cabe lembrar que no modelo de precificação de serviços recorrentes, a margem de lucro é distribuída ao longo dos meses e entram também outras variáveis, como a percepção de valor pelo serviço prestado, custos envolvidos e a própria margem de lucro desejado.
Digamos que, ainda, queremos manter os lucros em torno de 20%. Como já temos mais informações, podemos calcular o ponto de equilíbrio econômico, veja:
PEE = (custos fixos + lucro desejado) / margem de contribuição
PEE = (12.000 + 20%) / 70%
PEE = 20.571,43
Depreciação
Esse atributo diz respeito à perda de valor, considerando a vida útil de um ativo. Seja ele um bem ou infraestrutura como equipamentos on-premise, que demandam um orçamento para a manutenção durante a vida útil da máquina. Geralmente esse ponto já é antecipado pela equipe de TI, normalmente antes da aquisição.
Diante disso, digamos que R$1.000,00 é o valor da depreciação avaliada dos bens da sua empresa. Com isso, podemos calcular o ponto de equilíbrio financeiro.
PEF = (custos fixos – depreciações) / margem de contribuição
PEF = (12.000 – 1000) / 70%
PEF = 15.714,29
Com um melhor entendimento sobre cada componente, podemos identificar que embora os cálculos de ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro pareçam fórmulas simples, são indicadores financeiros com grande potencial para a gestão financeira dos negócios.
Especialmente para aqueles que estão ainda em fase de consolidação. Tomar decisões baseadas nessas informações, pode ser o diferencial para a sobrevivência e estabilidade do seu empreendimento como provedor de serviços gerenciados.
Nós da Datasafer desejamos sucesso em sua iniciativa e esperamos que esse artigo tenha te ajudado a entender mais sobre gestão financeira.